Oito meses depois de começar a se cuidar com medicamentos e terapia, a secretária Gabriela Motta, 27 anos, achou que poderia se controlar sozinha. Não conseguiu. Em fase de euforia, se endividou. “Eu só lavava os cabelos no salão, comprava bolsas de grife, ia a restaurantes caros.” Quando brigava com o namorado ou com a mãe, refugiava-se em hotéis. “Eu ganhava bem, mas minhas dívidas passaram de R$ 10 mil.” Na depressão, que durava em média dois dias, ela se agredia. “Já me dei um soco e fui trabalhar com o rosto inchado.” Hoje, Gabriela está convencida de que precisa retomar o tratamento. “Estou esperando me reorganizar financeiramente para voltar a me tratar.”
O transtorno bipolar atinge ambos os sexos. Homens costumam ter mais episódios de euforia e as mulheres, de depressão. As causas da síndrome não são inteiramente conhecidas, mas sabe-se que há uma forte influência genética. Para fazer o diagnóstico, os médicos investigam se há casos de suicídio na família do paciente. “Aproximadamente metade dos bipolares tenta se matar ao menos uma vez na vida”, diz Márcio Versiani, diretor do Instituto de Psiquiatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “A doença é a maior causa psiquiátrica de suicídios.” O especialista defende que existe uma gradação de intensidades e formas de manifestação da doença. “A síndrome é meio camaleônica. Pode se manifestar, por exemplo, como transtorno de alimentação”, afirma. Uma coisa é comum a todas as caras da bipolaridade: a vítima sente-se governada pelas próprias emoções. E precisa de tratamento para voltar a conviver bem com elas.
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